Quando se fala em Impressão 3D, a maior surpresa para quem é apresentado à tecnologia é saber que ela é bastante antiga. As primeiras tentativas de fabricar peças computadorizadas de forma aditiva surgiram ainda na década de 1970 e finalmente na década de 80 foram formalizadas e tiveram suas primeiras patentes. Mas o que aconteceu, então, para que somente nos últimos anos a tevê começasse a mencioná-la, ela pipocasse em fóruns técnicos e as máquinas que já vemos em pequenas empresas e pequenos negócios começassem a ser vendidas?
A resposta a essa questão não é mera curiosidade. Ao contrário, este contexto é essencial para entender esta tecnologia — ou, melhor falando, conjunto de tecnologias, visto que são várias técnicas com às vezes poucos pontos em comum — e principalmente trabalhar com ela.
O melhor jeito de começar uma explicação, entretanto, é com definições:
Formalmente, a Impressão 3D é definida pela criação de um objeto de três dimensões usando processos aditivos. Três dimensões significa que o objeto tem volume — altura, largura e comprimento -, em comparação com um desenho em uma folha de papel, por exemplo, que só tem duas dimensões (altura e largura). As impressoras "convencionais" que desenham em folhas de papel muitas vezes são chamadas de "impressoras 2D" quando em contraste com as impressoras 3D.
E quanto a "processos aditivos"? Pode-se inferir o significado pelo nome: processos que envolvem a adição de material durante a fabricação da peça. Outro nome com que a impressão 3D é conhecida usa este conceito: "fabricação aditiva". Pressupõe-se também que há um controle do processo por algum circuito, microcontrolador ou computador, no que é chamado de "Controle Numérico por Computador", ou "CNC".
Tradicionalmente, antes dos processos aditivos formalizados na década de 80, toda fabricação controlada por computador era subtrativa. As assim chamadas "máquinas CNC" começaram a surgir nas décadas de 40 e 50, com motores que seguiam pontos descritos em cartões perfurados para depois serem substituídas por computadores analógicos e digitais. Inicialmente usadas para tarefas de cortes ou gravações simples, as máquinas CNC se diversificaram e se sofisticaram, gerando de cortadoras laser a tornos computadorizados a fresas automáticas. A história das CNCs está tão ligada à fabricação subtrativa que causa certa estranheza hoje em dia se referir a uma impressora 3D como uma "CNC", embora usem, essencialmente, a mesma técnica, apenas de formas diferentes — subtração versus adição.
Impressoras 3D e CNCs, incluindo as máquinas conhecidas como "pick and place" e gravadoras de circuitos, são os equipamentos comumente usados para aquilo que é chamado de prototipagem rápida. Este termo designa o conjunto de tecnologias usadas para a fabricação de objetos físicos diretamente a partir de dados de computador, dados estes gerados a partir de um software de "CAD" (Computer-Aided Design, ou seja, qualquer programa que faça a modelagem), e guiados por um "CAM" (o software que cuida da parte efetiva da fabricação, como um controlador de impressão 3D ou fatiador).1 Nessas horas, a criatividade da internet também pesa nos termos técnicos: o conhecido grupo do servidor de torrents The Pirate Bay batizou os dados de computador que, ao serem alimentados em uma máquina específica, geram objetos físicos de "physibles"2, o que em português daria algo como "fisíveis" (não confundir com "fusíveis"!).
Note
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Notas:
1 — Existem outros termos envolvendo a prototipagem rápida como "computer-aided industrial design" e "computer-integrated manufacturaing", mas têm uso mais de nicho — podendo ser ignorados sem prejudicar a compreensão geral do assunto. |